Feriado de carnaval. Com pouco a fazer em casa meio sem rumo… e não tendo ainda sobre o que escrever, veio-me a ideia de divagar sobre o tempo médio, ao longo da vida, em que passamos sentados em um vaso sanitário. E irei aqui mais além: vou discorrer sobre pensamentos que vêm nesses momentos de solitude, ou mesmo insights que poderíamos ter nessa hora tão importante não somente para a nossa fisiologia, mas para a nossa filosofia de vida.
Vasos sanitários. Você certamente já foi em um hoje, e em muitos durante a vida. Existem aqueles de que você não gostaria de ir, mas por necessidade acaba indo. Outros, são de especial preferência. Desde bebês, já começamos a nos conformar com algo similar: o urinol (ou penico). E passamos os primeiros anos de vida um bom tempo ali, até nos adequarmos aos vasos sanitários dos moldes atuais. Na vida adulta, em média despendemos uns 20 minutos diários na privada, até a velhice, quando passamos mais tempo nesse local, se nossa condição física permitir; do contrário, de volta ao urinol (“papagaio” para homens, “comadre” para mulheres) senão voltar às fraldas!
Com base nesses pequenos dados, me fui a fazer contas. Antes, considerei alguém que viva uns 70 anos. Multipliquei 20 minutos pelo número total de dias contidos em 70 anos (25.550 dias). O resultado eu dividi por 60, para ter o tempo em horas. E depois, volto a dividir, agora por 24, para ter o tempo em dias. Ou seja, teremos algo em torno de 355 dias. Reitero que minhas contas estão sendo subestimadas, pois estou desconsiderando o tempo maior dedicado ao banheiro na infância e na velhice, e algumas enfermidades eventuais que nos exigem maior tempo na patente; fora aqueles que ficam lendo jornal no vaso e podem chegar a ficar mais de meia hora de uma só vez. Então, caros leitores, para fins de ajuste, vou arredondar o tempo líquido despendido no vaso sanitário por uma pessoa normal, que viva em torno de 70 anos, para um ano.
Isso mesmo! Você em média vai passar um ano de sua curta existência no isolamento de um vaso sanitário. Deixo um tempo para o nobre leitor refletir sobre isso antes de continuar a leitura. Quem sabe seja a “deixa” para levantar de seu local de trabalho e ir para aquele cubículo para, além de outras coisas, pensar sobre o que acabo de escrever. Você tem dúvidas? Faça as contas… se tiver alguma divergência nos cálculos, prove-me, que me retratarei no próximo artigo.
Escrevi faz um tempo em como aproveitar a hora grátis do fim do horário de verão. Se não leu, leia! Aqui também vou propor como aproveitar melhor seu momento íntimo e solitário em torno de um vaso.
Saiba que o funcionamento intestinal regular é vital para um bom humor e uma boa qualidade de vida. Antes mesmo de ir para a privada já vou pensando se vai ser tranquilo, pois quero que seja algo bom. Não quero em hipótese alguma fazer desses preciosos minutos algo deprimente e insuportável. Busco, portanto, ter uma alimentação adequada para não ter problemas nesse sentido.
Em quaisquer estabelecimentos minimamente decentes sempre terá um banheiro público com um cubículo tranquilo, sem distrações, ao nosso dispor (confesso que gostaria de ter um lugar assim, cubicular, em casa). Para nós, homens, temos ainda à disposição o mictório em banheiros públicos, mas eles não dão o sossego e a privacidade que o metro quadrado da privada proporciona. Mictórios te deixam sempre na expectativa e constrangimento de vir alguém ao seu lado.
Entre no recinto, e primeiramente veja se há papel higiênico. Existe situação mais constrangedora do que você ir na casa de alguém, ir ao lavabo, que muitas vezes fica ao lado da sala de estar, fazer sua necessidade, e só depois perceber que não tem papel? Já tive o desprazer de passar por isso em mais de uma oportunidade, então escrevo por experiência. Então, repito, verifique se terá rolo de papel suficiente. Limpe sempre a borda do vaso com o papel higiênico, especialmente se tiver em banheiros públicos, que possuem muito mais germes e bactérias que sua vista pode ver e sua mente pode imaginar. Feito esses “procedimentos padrões”, sente-se e pense livremente. Sim, pense! Não haja como um animal irracional, afinal seu cérebro certamente é maior do que aquilo que você faz no vaso!
Nessa vida corrida, pouco tempo nos damos para pensar seriamente nela e fazer conjecturas sobre seu futuro: próximo ou distante. Quem sabe quantos erros seriam evitados se fizéssemos isso mais vezes ao dia, e não somente na privada. Quantas guerras seriam evitadas e vidas poupadas se nossos mandatários se dispusessem a isso. Portanto aproveite esse precioso tempo, que corresponde a mais de 1% de sua vida. Se considerar seu tempo de vida acordado, chega a tranquilamente 2%. Tome decisões, reflita, faça escolhas, resolva problemas, busque o eterno e o etéreo, torne decisivos esses 20 minutos diários de sua existência. Faça valer à pena esse ano de vida sentado.
Sinceramente, não esperava escrever um texto tão longo sobre isso. Como de costume, deixo para o nobre leitor tirar suas conclusões: reter o que é bom e descartar o inútil. Afinal, seu próprio organismo já faz isso de forma inata.