Irei tomar a liberdade e o precioso tempo dos nobres leitores escrevendo sobre alguns problemas corriqueiros, que para muitos passam despercebidos, mas venho resistindo a me manter indiferente sobre eles. Toda ciência cria leis com base na experimentação. Sabemos, por exemplo, que se pusermos a mão perto do fogo, iremos nos queimar e, mesmo assim, já nos queimamos algum dia, não é mesmo?

O engenheiro Edward Murphy (1918-1990), que trabalhou em sistemas de segurança no exército americano, baseado em inúmeras observações em seu trabalho, criou certos teoremas que, ao longo dos anos, levadas ao extremo, passaram a ser conhecidas como Leis de Murphy, baseadas no princípio de que “se qualquer coisa pode correr mal, irá correr mal”.

Seus estudos e conclusões foram erroneamente interpretados, e levados geralmente na brincadeira, muito embora ancorados em um princípio basicamente defensivista. Pois bem, você certamente já leu ou ouviu falar a respeito do problema da fatia do pão:

– a probabilidade de o pão cair com o lado da manteiga virado para baixo é proporcional ao valor do carpete.

Se, por algum descuido, de manhã, em casa ou no trabalho, sua fatia de pão cair no chão, tenderá a cair com o lado da manteiga virado para baixo. O lado mais denso (o da manteiga) tende a virar-se em um ângulo de 180?, considerando uma altura média da mesa de 70 a 80 cm. Então, dificilmente a sua saborosa fatia de pão teria tempo de virar-se novamente e cair limpinha para cima. A não ser que propositadamente deixemos a fatia cair sem movimento algum em torno de seu eixo, o que em pequenos descuidos isso é bem improvável. Caso haja curiosidade a respeito do tema, deixo o link de um vídeo http://lc4.in/nPQ6 para análise e conclusão pessoal.

Vou citar algumas dessas Leis de Murphy, que comigo ocorrem de forma recorrente ou já ocorreram alguma vez no passado:

– um atalho é sempre a maior distância entre dois pontos;
– quando um trabalho é mal feito, qualquer tentativa de melhorá-lo piora… (como este artigo);
– acontecimentos infelizes sempre ocorrem em série (mês de janeiro foi assim para mim, fez calor e sol, não fui à praia, não tirei férias, minha esposa ficou de cama, e minha avó baixou hospital);
– toda vez que se menciona alguma coisa, se é bom, acaba; se é ruim, acontece (esse artigo parece não ter fim);
– você sempre encontra aquilo que não está procurando… (algo sobre leis de Murphy);
– toda solução cria novos problemas;
– um homem com um relógio sabe a hora certa, com dois, sabe apenas a média;
– se você estiver passando rapidamente de carro por um relógio de rua e quiser ver as horas, estará mostrando a temperatura, e se você quiser ver a temperatura, irá mostrar as horas, por mais que você diminua a velocidade para conseguir ver o que pretende, o mostrador somente irá mudar quando você já tiver passado;
– inteligência tem limite, burrice não (escrever… e ler… sobre leis de Murphy);
– cinco fases de um projeto: entusiasmo, desilusão, pânico, busca dos culpados e glória aos não-participantes;
– entregas de caminhão que normalmente levam um dia levarão 4 quando você depender da entrega;
– você sempre ficará confuso quando receber o troco do mercado: cédulas, moedas e nota fiscal… se perder algum deles, possivelmente serão as cédulas;
– seja qual for o defeito do seu computador, ele desaparece na frente de um técnico, retornando assim que ele se retirar;
– se ela está te dando mole, é feia; se é bonita, está acompanhada; se está sozinha, você está acompanhado;
– a fila do lado sempre anda mais rápido;
– no ciclismo, não importa aonde você vai, é sempre morro acima e contra o vento;
– por mais tomadas que se tenham em casa, os móveis sempre estarão na frente.

Na Contabilidade, temos o chamado Princípio da Prudência, onde, na dúvida entre valores para o Ativo e Passivo, escolhe-se o menor valor para o Ativo e o maior valor para o Passivo, resultando, assim, um menor Patrimônio Líquido. Em Finanças, é sempre aconselhável subavaliarmos receitas e superavaliarmos despesas, resultando um lucro inferior.

Particularmente, até por formação, em meu cotidiano me habituei a considerar a pior hipótese mais plausível. Explico: entendo que o otimismo em geral nos leva a frustrações e ilusões, fatores que comumente empurram pessoas à depressão e à ansiedade, ou normalmente os dois juntos, levando a pessoa mais cedo ou mais tarde à morte, se não procurar o tratamento adequado no momento oportuno. Então, de certa forma, esse pessimismo (ou realismo) não deixa de ser uma defesa psicológica contra os infortúnios que a vida nos reserva.